Na sociedade portuguesa cada vez mais se debate a importância de premiar quem merece, de distinguir quem sobressai, por mérito próprio, entre iguais. Pois bem, mais uma vez a WINE – A Essência do Vinho realça os “Melhores do Ano”, num exercício de justo reconhecimento daqueles que se distinguiram numa época particularmente desafiante.
Senhoras e senhores leitores, seguem-se os premiados no vinho e na gastronomia de Portugal em 2012.
VINHO
VINHO DO ANO
PERSONALIDADE DO ANO NO VINHO
PRODUTOR DO ANO
PRODUTOR REVELAÇÃO DO ANO
ENÓLOGO DO ANO
SOMMELIER DO ANO
Os dados finais do ano apenas serão conhecidos em meados de fevereiro mas, de acordo com informações apuradas pela WINE – A Essência do Vinho junto do Instituto da Vinha e do Vinho, o comportamento dos vinhos tranquilos em 2012
voltará a ser positivo em matéria de exportação. O segundo semestre do ano deverá registar números superiores aos
de período homólogo de 2011, mesmo apesar das greves verificadas nos portos nacionais, que atrasaram significativamente a expedição de muitas mercadorias.
Angola continua destacado como o mais importante destino de exportação, com posições seguintes ocupadas por países europeus, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Neste último caso, o brasileiro, realce para o trabalho desenvolvido pela ViniPortugal que, no verão, percorreu uma dúzia de cidades com formações intensivas sobre vinhos portugueses para profissionais da hotelaria, restauração, supermercados, distribuidoras e lojas, além da promoção de jantares de Harmonização enogastronómica com jornalistas e líderes de opinião daquele país.
O Vinho do Porto, de acordo com dados do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), apresentou um aumento de 0,3% de vendas totais (exportação e mercado interno) em 2012 face ao ano anterior. Foram vendidas 9,2 milhões de caixas (de 12 garrafas de 0,75 cl.). Em valor, o aumento ronda 1,4% por comparação com 2011, situando-se nos 361 milhões de euros. Em volume de negócios, os principais mercados são França, Portugal, Reino Unido (que teve um
comportamento acima das expetativas e ascendeu à terceira posição), Holanda, Bélgica e Estados Unidos.
Por fim, o Vinho Madeira, que conseguiu um crescimento acima de dois dígitos na reunião entre volume comercializado em Portugal e nos mercados externos, num total superior a 3,4 milhões de litros, o que representa um acréscimo de 13%
face a 2011. A receita aumentou para 16,4 milhões de euros, mais 1,2 milhões que no ano anterior. A França é o mercado
comunitário de excelência, o Japão é de longe o melhor dos mercados no bolo global e os Estados Unidos mantêm uma
posição significativa. Ainda da leitura dos dados que nos foram fornecidos pelo Instituto do Vinho, do Bordado e
do Artesanato da Madeira, parece-nos evidente que o continente português continua adormecido para os fantásticos
vinhos da Madeira.
Não estará na hora de acordar?
O aumento de notoriedade internacional do vinho português é um facto, sendo frequentes vezes elogiada a relação qualidade/preço. A aposta na transmissão da ideia de vinhos diferenciadores graças ao notável património genético autóctone que se lhes está na origem tem sido insistentemente comunicada, com resultados já bem visíveis e notórios entre jornalistas e críticos internacionais. Alguns sinais que em 2012 começaram a ficar mais evidentes apontam para uma inversão da tendência de consumo, no sentido de os consumidores mais esclarecidos de diferentes mercados começarem a privilegiar vinhos mais originais, fora do mainstream das castas francesas – ou
devemos dizer castas internacionais, tal a difusão que registaram nas últimas décadas? – , o que claramente beneficia
países como Portugal.
Em termos internos, o ano que terminou não deixará muitas saudades ao setor.
O mercado português definhou mais um pouco, como consequência direta dos constrangimentos económicos que
têm atingido a generalidade de todos nós. Como se não bastasse, a restauração vive uma das piores fases de sempre, antevendo-se, nesse particular, um novo ano ainda mais negro. Alguns projetos de vinho, não devidamente solidificados ou demasiado apoiados na banca, simplesmente sucumbiram ou vivem com imensas dificuldades e poderá, nestes dias, estar a acontecer a tal triagem no setor que durante anos se comentou como inevitável. A ideia que fica é a de que quem sobreviver a este período provavelmente sairá mais reforçado. Para os enófilos, um ano que conheceu lançamentos sempre fervilhantes como os de um Barca Velha, Pêra Manca ou Torre do Esporão, entre outros e para não mencionar excelsos vinhos do Porto (vinhos de sonho, como os apelidamos nesta edição), é manifestante bom. O aumento da oferta de vinho a copo, a preços apetecíveis, apresentou-se como uma mais-valia a explorar, quer pelos restaurantes, bares e wine bars quer, obviamente, pelos clientes. E à conta de tudo isto estará o vinho a conquistar novos e mais exigentes consumidores?
Esperemos bem que sim.
Veja em PDF
Clique para ver o documento – WINE_Vinho do Ano 2012
Para Dirk Niepoort é fácil entusiasmar-se com as largas dezenas de projetos em que se empenha, traço de personalidade que revela uma insatisfação permanente, uma irrequietude e um otimismo contagiantes que se materializam na energia infindável que transmite, um ânimo infindável capaz de contagiar todos os que o rodeiam. Em todos os momentos da sua vida percebe-se um desejo natural de fazer mais e melhor, de surpreender, de inovar, de revolucionar sem ter de mudar o passado, de tudo mudar sem aparentemente nada mudar, de pensar pela própria cabeça e com ideias originais, sem ter de recorrer a chavões ou lugares comuns.
É um homem de múltiplas paixões e talentos, um homem de lendária criatividade e afetividade gastronómica, um ideólogo com uma sensibilidade pouco vulgar para o vinho, com uma afetividade quase arrepiante para com uvas e a vinha que lhe permitem manter uma cumplicidade com a terra e os elementos que poucos conseguem alcançar.
Dirk Niepoort soube rodear-se de gente igualmente entusiasta, da direção financeira às caves em Gaia, da enologia às vinhas, transformando uma pequena empresa dedicada ao Vinho do Porto num ícone internacional que vive entre a contradição da circunspeção e a realidade de uma capacidade de promoção excecional.
A uma casa discreta e reservada, sisuda e conservadora, sucedeu um produtor dinâmico e arrojado, irreverente e eloquente, capaz de surpreender e fazer imaginar. A um produtor arreigado à tradição do Vinho do Porto sucedeu um produtor capaz de apostar de forma igualitária nos vinhos do Porto e do Douro, mantendo as tradições mas inovando
na mentalidade. Mas o essencial da casa e da família manteve-se, a procura obstinada pela qualidade, a seriedade e a procura da excelência sem contemporizações nem condescendências com atalhos.
Os vinhos do Douro da Niepoort têm conquistado o coração de enófilos pelo mundo inteiro, deleitando consumidores e
críticos de todos os continentes, arrebatando as emoções com rótulos como os Redoma, Redoma Reserva, Batuta, Charme, Robustus ou, mais recentemente, com o Coche, aquele que está já destinado a ser um dos grandes brancos de Portugal. Seria fácil eleger qualquer um destes vinhos como o “Vinho do Ano” para a Wine – A Essência do Vinho.
Mas a verdade é que o vinho que mais nos comoveu este ano assenta nas verdadeiras raízes da casa, no passado e no presente da Niepoort, no passado e no presente da região do Douro, num Vinho do Porto muito velho que nos remete para o mundo do éden e do transcendental.
Um vinho que recupera e renova um grande nome do passado, o nome de um dos maiores vinhos do Porto Tawny de que
há memória, o Niepoort VV (Vinho Velho), um nome mítico entre os aficionados do Vinho do Porto, o nome de um vinho que tinha sido engarrafado no início do século passado pelo avô de Dirk Niepoort. Este novo Niepoort VV
é a versão moderna e resgatada deste vinho mítico, um vinho que por si só tem tudo para se vir a alcandorar de novo a este título de vinho mítico. A nova versão do Niepoort VV tem como base um tawny da casa de 1863, a que se juntaram alguns pozinhos de outros vinhos igualmente muito velhos, envelhecido desde sempre em pipas e engarrafado em 1972 em velhos garrafões de vidro de capacidades que variam entre os oito e os 11 litros, os célebres “demijohns” da casa que habitualmente são usados para envelhecer os Garrafeira.
Num primeiro instante, este Niepoort VV poderá até derrotar os mais incautos tal a serenidade, fineza, pureza e tranquilidade de aromas, a finura e delicadeza na boca. Para quem esperava um vinho de pura concentração, um Porto cheio e concentrado por anos de lenta oxidação, um Porto imperial atestado de viscosidade e de sentimentos lânguidos
de doçura, a prova poderá até parecer desarmante. A verdadeira prova vem com o passar do tempo, depois de o deixar ficar esquecido durante três ou quatro dias no copo, sem precisar de grandes cautelas na preservação. O Niepoort VV cresce e ganha uma nova dimensão, acrescentando novos aromas de uma beleza e pureza estonteante, mantendo
a finura e precisão matemática da boca, sem esmagar pela concentração… mas cilindrando pela beleza e distinção.
Um grande Vinho do Porto que poderá sobreviver em garrafa durante mais de um século, um dos raros tawnies muito velhos que ainda precisa de tempo em garrafa para libertar todo o seu espírito límpido mas jovial. Um hino ao Vinho
do Porto!